My Tiny Invisible World

Porque tudo aquilo que você faz nem sempre é tudo aquilo que você vê.

terça-feira, setembro 27, 2005

Em quase quatro estados brasileiros em um só dia

É 6 e meia da manhã. Começa mais uma segunda-feira de trabalho.

Agora já é 21:30. Mas não trabalhei nem um pouco. Motivo? Fiquei vagando por entre três estados brasileiros:

1 - O voô atrasou. Era para sair às 8 de SP, mas o voô saiu às 10:30 devido a condições meteorológicas desfavoráveis.

2 - Voamos num avião Trip. Vocês tem noção disso? Imagina um urubu enroscando em uma de suas hélices?

3 - chegamos em Juiz de Fora - MG às 11:30. Sem presenças de Urubus. Muito bom. Mas em contrapartida, havia muita turbulência. Quase morri. De ataque cardíaco.

4 - Chegamos em Mucuri - BA às 14:00. Graças a Deus, nenhum Urubu no caminho. Infelizmente, quase morri de ataque cardíaco novamente.

5 - Aguardamos a presença de almas penadas no aeroporto de Mucuri por aproximadamente 3 horas. Infelizmente, as pessoas vieram nos buscar às 17:30.

6 - Enquanto as pessoas não vieram nos buscar, conhecemos um cara que foi igualmente abandonados como nós, que coicidentemente era de São Carlos. Éramos somente 3 no aeroporto de Mucuri.

7 - Fiquei negociando pimentas aromáticas com o funcionário do aeroporto de Mucuri.

8 - Descobri que as pessoas de Mucuri são muito legais.

9 - Descobri que existiam praias muito boas a 30 Km do aeroporto de Mucuri. Infelizmente, nào pudemos ir, porque vieram nos buscar.

10 - Estamos em Nanuque - MG. Quase entramos em ES. Mas infelizmente temos que trabalhar em Nanuque, que não tem praias legais como ES.

11 - Lembrei que aprendi no colégio que MG não faz fronteira com o mar...

12 - Estamos em um lugar chamado "Circuito das pedras preciosas". Qual a possibilidade de eu voltar rica para SP?

13 - São 20:00, e a última descoberta do dia é que os pássaros de Nanuque são cagões. Principalmente à noite...ou a cagona sou eu?

sábado, setembro 17, 2005

Comunicação corporativa

Dizem que o sucesso profissional está vinculado a sua capacidade de comunicação.

Por exemplo, no meu caso, de auditoria, é sempre preciso ter uma boa conversa com os clientes. Pode ser sobre os negócios, o faturamento, a produção ou o mercado. Não importa sobre que assunto da empresa você fale. Converse.

Entretanto, durante a semana passada, passei por apuros. Minha capacidade profissional foi posta em cheque.

Estive trabalhando em uma empresa produtora de sêmens de touro. Durante o almoço, só estava eu e o cliente. Foi um dos almoços mais difíceis da minha vida. Simplesmente não sabia o que perguntar.

Até bolei algumas perguntas. As seguintes perguntas passaram pela minha mente mas não transformaram em voz. Deixei em itálico as possíveis respostas que o cliente poderia retrucar:

- A quantas anda a produção de sêmen de Touro. Os Touros estão produzindo muito?

Tá, Se eu fizesse essa pergunta, o mínimo que ele ia responder: Depende da vontade do Touro querer fazer sexo. Isso não é um tipo de conversa muito saudável...

- Como anda a produtividade de sêmen?

Ah, tudo depende do orgasmo do Touro.

- O que faz aquela empresa chamada Sexing Technologies?

Nem te conto...

- O que é preciso para aumentar a produtividade do Touro?

Vaquinhas Vacas?

Por fim, acabei conversando sobre política e atualidades.

Depois tive que passar por outras conversas mais constrangedoras. Aprendi como se coleta o sêmen de touro detalhadamente. Descobri que existem vaquinhas ninfetas só pra atiçar os tourinhos. Fora isso ainda tive que ouvir os Tourinhos tendo orgasmos...É punk.

É...a vida corporativa promete. Quem conseguir ter uma conversa decente com os caras de uma empresa como essa, vai receber um monte de promoções.

terça-feira, setembro 13, 2005

Manifesto Dekassegui

A palavra Dekassegui significa, em sua essência, "De"= Sair e "kassegui"= ganhar dinheiro (seria o equivalente a palavra "earning" em inglês).

Esta palavra era muito utilizada antigamente, antes da revolução Meiji, até mesmo depois, durante as épocas em que o Japão passava por dificuldades econômicas e era tomada, praticamente, por grandes latifúndios dominados por shoguns e tonos. Os plebes das famílias camponesas iam para as regiões mais civilizadas a fim de conseguir dinheiro. Posteriormente, o nômade voltava as suas terras para alimentar a família e abastecer o estoque para o violento inverno do hemisfério norte.É uma forma de sobrevivência. É uma versão polar do êxodo rural que observamos aqui no Brasil.


No Brasil esta palavra é comumente utilizada e está inclusa no novo dicionário Aurélio, tamanha popularidade do emprego deste termo:

Decasségui [Do jap.] Adj.2g.S.2g Diz-se de, ou estrangeiro, frequentemente descendente de japoneses que vai trabalhar no Japão.

E é isso. Não diferente dos Japoneses em época de dificuldades econômicas, os nossos japoneses também procuram alguma alternativa para sobreviver. Sem esperanças de estudos, sem destino no trabalho e sem perspectivas boas em terras tupiniquinhas, os nipo-brasileiros seguem rumo para a terra do sol nascente para ver se realmente conseguem vê-lo brilhar em seu rosto, se existe uma possibilidade de crescer na vida...

Como nada é de graça,lá, a luta é braba. Em nosso país, as pessoas fazem hora-extra porque o pagamento é garantido pela CLT. Lá, onde não existe uma luta proletária ou uma Consolidação das leis dos trabalhos como a nossa, a hora-extra é garantida pela ética profissional. Não existe CIPA, não existe CLT e não existe RH ou DP qualificado como das empresas brasileiras. Não existe adicional de insalubridade, de periculosidade ou incentivo. E nessas condições estão os nossos japoneses trabalhando árduamente. Milhas distante da família. Milhas de sua terra natal. Milhas distante do país onde todos falam sua língua materna...

A situação é semelhante a um estudante longe de casa em época de provas. Não dá para chorar na barra da saia da mãe. O ente querido não está por perto para dar carinho naquela hora. Não dá para beber aquele chopinho com os amigos de longa data. Não dá para telefonar para o melhor amigo para desabafar, porque o interurbano é caro. Não dá para sair porque não tem dinheiro. Não dá pra fazer nada porque senão não dá para passar naquela matéria difícil.

Entretanto, para o estudante, essa neurose é durante o periodo de um semestre. Logo depois vêm as férias e tudo está resolvido.

Para o Dekassegui, não existe primeiro ou segundo semestre. O primeiro semestre pode ser os 2 primeiros anos ou então os 10 primeiros anos longe de casa. Tudo depende da meta ambiciosa de cada aluno nesta matéria que garante a sua sobrevivência.

Chegando o boletim de fim de ano, aquele alívio. Atingiu-se o objetivo com uma nota 10 na caderneta de poupança ou mesmo um 7. O que importa que agora é hora de partir para outro passo: Conseguir uma vida decente no Brasil.

Depois de tanto tempo e tanto dinheiro guardado, eles descobrem que existe um bando de monstros a solta a fim de destruir os sonhos dos nossos nipo-patriotas.

Estou inventando? Talvez sim. Mas os fatos não negam:

- Meu primo: Assaltado 3 vezes a mão armada depois que veio do Japão. Não contente em levar tudo o que ele trouxe, vieram buscar depois o que ele tinha conseguido aqui. Foi coagido a morar em um lugar menos violento.

- Meu vizinho 1: Retorando para sua casa depois da longa viagem em volta ao mundo, a surpresa: Um carro e alguns homens armados o esperavam na porta de casa para levar tudo o que ele trouxe.

- Minha vizinha 1: Depois de 3 anos em terras brasileiras, estranhei porque a família dela não vinha para o jantar de aniversário do meu pai. Isso fica meio óbvio assim que você descobre que 3 homens assaltaram a casa, amarraram, lacraram as bocas e miraram uma pistola na cabeça de cada um. Dificilmente alguém vai poder nos avisar que houve um pequeno imprevisto e não poderá vir em casa.

- Meu vizinho 2: Levou um tiro na perna. Mas os assaltantes logo desistiram ao saber que se tratava de um japonês que não tinha ido ao Japão. Mas mesmo assim levaram uma grana da família.

- Meu amigo que mora perto de SP: Voltou do Japão sem um tostão porque foi passear. Comprou uma câmera digital e um aparelho de som. Só que estes bens viraram de uns assaltantes que pegaram ele na Rodovia Ayrton Senna.

- Jornal da minha cidade avisou que um casal de velhinhos foram espancados até a morte porque não tinham dinheiro para dar aos assaltantes.

E o mais devastador caso, que mereceu atenção de manchetes de jornais de circulação nacional:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u112963.shtml

Pois é. Difícil mesmo é ter cara de japonês nessas horas.

Os destruidores de sonhos orientais estão por aí. Soltos. Vagando como zumbis. Eles não têm sentimentos. Eles não têm compaixão. Eles não têm alma. Eles não são humanos.

Quem sabe eles não irão destruir os meus sonhos em breve? Quem sabe eles não vão me sugar a alma como dementadores de Harry Potter? Quem sabe eles irão jogar areia nos meus olhos e me levar para o mundo onde até a morte é alegre?

Quem sabe eles não te levam alguma coisa importante da sua vida, honorário amigo japa?

sábado, setembro 10, 2005

"Pense Positivo"

A indústria imperialista da água negra pseudopotável está com o seguinte slogan em suas embalagens:

"Otimismo que se bebe".

Grande jogada de marketing. Destacando a verdade sobre a tal água negra.

Realmente é preciso muito otimismo para beber tudo aquilo que dizem que é "bom para viver".

quinta-feira, setembro 08, 2005

Cãozinho meu vizinho...

Ao lado da minha casa, vive um cãozinho. Não sei direito qual a raça dele. Um pouco husky, um pouco akita um pouco mestiço. A única coisa que eu sei é que ele é velho e bem velho. Ele tem um olhar bem tristonho...

Ele tem um olho azul e outro castanho. Todo dia que eu passo em frente, fico imaginando como ele deve enxergar o lado de fora da cerca com esses olhos.Eu fico pensando que ele deve viver num mundinho tão pequeno e deve ter uma vida tão tristonha...

Todo dia que eu passo, penso no que ele está pensando...

Mas no fundo, no fundo, ele deve imaginar porque fico olhando para o lado de dentro da cerca. Deve achar que minha vida é tão tristonha quando a dele. Deve achar que tenho uma visão bem mais restrita que a dele. E por isso, ele nem deve sentir graça em sair para fora da cerca...

quarta-feira, setembro 07, 2005

Sou militar...

Não adoto a política do pão e vinho.

Não dou cabresto para conseguir voto.

Não sou presidente populista.

Portanto, parem de pedir post novo, porque quando não tem, não tem!!!

Brincadeiras a parte...

Post novo só daqui a duas semanas mais ou menos. Quando estiver no meu cantinho do trabalho sem essa bagunça de cybercafé e sem cansaço pós limpeza de todos os ácaros da casa...sorry!